sexta-feira, dezembro 01, 2006

 

Encontro

Era um dos primeiros dias de frio, daqueles em que se sente um primeiro arrepio de inverno a percorrer o corpo.
Talvez por isso ele ia pela calçada com a cabeça enfiada nos ombros, o olhar perdido no chão, o pensamento perdido noutros lugares.
Ela ia mais agasalhada, e não parava de contemplar as botas novas que nesse dia estreava.
Haviam tomado direcções opostas. Pelo que inevitalmente iriam cruzar-se nalgum ponto.
O choque foi frontal, só atenuado por aquela sensação que se tem quando algo se aproxima e nos faz reduzir a velocidade com que nos movemos.
Ao desprenderem o olhar do chão e das botas, e após uma breve neblina à frente dos seus olhos, resultante do respirar de ambos em contacto com a atmosfera fria, foi a vez de os olhares se tocarem. Ambos os olhos castanhos. Ambos profundos nos do outro. Ambos se sentiam incomodados por tão forte olhar sobre si próprios. Quase imperativos aqueles olhares.
Sem uma palavra...
Ambos seguiram...
Os rumos opostos.
Passaram muitos e muitos anos... e nunca mais se encontraram...

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